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Vasylysa e o fogo eterno de Baba Yaga

  • 28 de jan.
  • 6 min de leitura

|Há muito tempo, vivia uma menina chamada Vasylysa, ela morava com sua mãe e seu pai. Sua mãe lhe ensinou tudo que ela precisava saber, desde cuidar dos animais, da casa e até os mistérios de bordar e tecer, a criança aprendera tudo de maneira muito rápida e adorava ajudar nos afazeres, mas certo dia, a mãe de Vasylysa começou a adoecer, então a menina assumiu todos os afazeres de casa para que sua mãe pudesse descansar. Enquanto o pai estava trabalhando, era ela quem cuidava da mãe e do lar. Os dias passaram, mas infelizmente ela não melhorava e, em uma noite, talvez em delírio da febre, a mãe decidiu que precisava bordar.

— Vasylysa, querida, pegue minha cesta de costura e alguns tecidos, por favor. - A mulher lhe pediu.

A menina prontamente a atendeu.


— Aqui está minha mãe, mas a senhora precisa descansar, vamos, eu ajudo a senhora se deitar.


— Vá se deitar, criança, ficarei aqui bordando, sabes que isso me acalma, não é mesmo? - Respondeu à mãe.


Percebendo que não iria conseguir convencê-la do contrário, a jovem decidiu deixar a mãe com os bordados e foi descansar.


Logo que amanheceu, ela foi ver sua mãe e percebeu que a mesma tinha ficado acordada durante toda a noite. Quando a menina chegou mais perto, percebeu que a mãe estava finalizando uma boneca.

— É para ti, querida, esta é sua Motanka, alimente-a, dê a ela de beber e ela irá te ajudar quando precisar. Agora irei descansar - disse a mãe.

Vasylysa ficou encantada com sua nova companhia, cuidou dela com muito amor, deu-lhe de comer e beber, como sua mãe a orientou e passou o dia com ela ao seu lado, até mesmo enquanto fazia suas tarefas.


Quando estava próximo do horário de se recolher, a jovem foi novamente ver sua mãe, mas infelizmente teve uma terrível surpresa... Quando seu pai chegou do serviço, encontrou a menina sentada na porta de casa chorando. Em meio aos soluços, ela conseguiu dizer:

— Minha mãe partiu, papai, ela não resistiu.

~~~~

Após passar pelo período de luto, o pai resolve se casar novamente. Ele se casou com uma mulher muito bonita, porém amarga e invejosa. A mulher era viúva e tinha duas filhas de idades próximas à de Vasylysa. Enquanto o pai estava em casa, todas tratavam a menina muito bem, mas na ausência dele elas a maltratavam, trocavam suas roupas por trapos, a obrigavam a limpar toda a casa sozinha e a servir à madrasta e suas filhas. Os anos se passaram e Vasylysa nunca reclamou, pois percebia que seu pai estava feliz, ele não sabia do que acontecia quando estava fora e a garota achou que seria melhor assim.

Para o desgosto da madrasta e das meias irmãs, a menina se tornou muito bonita e desejada, mesmo em trapos, chamava mais atenção do que suas meias irmãs.

Cada rapaz que ia visitar as irmãs acaba se encantando pela linda Vasylysa e claro, isso não deixava as meninas e sua mãe felizes.

A madrasta pensou muito no que faria a respeito e, certo dia, possuída por ódio, ela chegou à conclusão perfeita.

— Mandarei Vasylysa embora hoje mesmo! - Pensou a madrasta em voz alta. - Vasylysa, venha cá! Depressa!


Vasylysa apressadamente, foi até a madrasta.


— Estou cansada de você aqui, você permanece dando trabalho e chamando atenção demais! Já que é tão preciosa, vai sair em uma missão. Quero que vá até a casa da bruxa Baba Yaga e traga o fogo que nunca se apaga, sem ele, não precisa mais voltar.


Vasylysa se assustou, não sabia como encontrar a cabana e já tinham ouvido muitas coisas assustadoras sobre a bruxa da floresta. Ela até tentou argumentar algo com a madrasta, mas vendo que seria impossível fazê-la mudar de ideia, decidiu arrumar uma pequena trouxa de roupas e partir em sua missão.

A menina entrou na floresta e, poucos passos depois, sentou-se em um tronco caído e pôs-se a chorar... A motanka que, claro, estava contigo, chamou-a.


— Levante-se, querida, sabes que se ficasse lá seria ainda pior, você não merece passar por tanta tristeza e humilhação, vamos, eu sei onde Baba Yaga mora e irei te ajuda.


A jovem ficou surpresa, pois está foi a primeira vez que ouvirá sua motanka falar.


— Comeremos um pouco e partiremos ao norte — Continuo a Motanka — Vamos juntas encontrar ela.



~~~~~


Durante toda a sua caminhada, a menina enfrentou muitos desafios e também conheceu espíritos mágicos que vivem na floresta, como as Rusalkas e Leszy. Como ela era sempre muito gentil, eles também a ajudaram a chegar até a cabana. Sua Motanka esteve em todos os momentos contigo, dizendo em que direção seguir e lhe ensinando como conversar com os espíritos que habitavam os lugares pelos quais ela passava.


— Não tenha medo, querida, mas tenha respeito por aqueles que vieram antes de ti e que moram aqui! - Era o que sua guia sempre dizia.


Finalmente chegaram até a casa... Aquela casa com pés de aves, que se move e que pertence a uma bruxa malvada. Ela observou primeiro o quintal, tinha uma cerca feita de ossos e crânios e, estranhamente, ela notou que uma das colunas de ossos faltava o crânio. Ela tremeu ao pensar que poderia ser o dela que ocuparia aquele lugar vazio. Mas preferiu afastar os pensamentos sombrios e continuou a andar pela casa, era estranhamente silenciosa e, dando a volta pela casa, logo percebeu que a mesma não tinha portas.


— Motanka, minha amiga, como entro? Não há portas aqui - perguntou a menina.


A motanka pediu para que a garota se aproximasse, sussurrou um encantamento em seu ouvido e pediu para que ela repetisse em voz alta.


— Cabana, Cabana, Cabana, vire-se de frente para mim e de costas para a floresta. - Disse a menina.


E como em um passe de mágica, a cabana se levantou e virou-se para ela, lá estava a porta. Com muita calma, Vasylysa abriu a porta, pedindo licença e dizendo seu nome. A bruxa, claro, já sabia que ela estava ali, sabia que há dias a menina a buscava, aliás, a feiticeira já sabia de tudo antes mesmo de acontecer.


— Se chegou até aqui, é porque algo de especial tem em ti! - Sussurrou a velha. 

— Baba Yaga, eu... - A garota tentou dizer, mas foi interrompida.

— Mas de certa forma, todas as minhas refeições têm - gargalhou a bruxa enquanto sentia o medo da menina.


Mas aí a criança juntou todas as suas forças e disse:


— Baba Yaga, sou Vasylysa, venho até ti, pois preciso de ajuda... Por muitos anos tenho sofrido, sou mal tratada por minha madrasta e por suas filhas, ela me mandou aqui para buscar o fogo sagrado, sem ele não posso voltar. Ajude-me e prometo deixá-la em paz.


A Baba já sabia disso, como disse, ela sabe de tudo, mas precisava testar a menina e, além disso, ela adorava jogos, e sendo assim, deu-lhe tarefas impossíveis de serem feitas.

Mas, para o prazer (Ou não) de Baba Yaga, a menina sempre conseguia realizar tudo que lhe era pedido até que finalmente a bruxa cedeu.


— Está na hora, jovem mulher, você está pronta. Ouviu, aprendeu e provou que do meu fogo sagrado é merecedora.


Vasylysa já tinha até perdido a noção do tempo quando a Baba finalmente decidiu lhe entregar o fogo, ela estava muito feliz, pois finalmente poderia voltar para casa.


— Agora tens o fogo eterno, com ele carregarás sabedoria, saberás qual caminho pertence a ti e como irá seguir, é seu para fazer o que quiser fazer.


Em meio a lágrimas e sorrisos, a menina se atreveu a abraçar a bruxa.


— Vá, é hora de ir - disse a bruxa empurrando a menina e a tirando da cabana.


E em um piscar de olhos, a cabana que estava ali havia desaparecido.


A menina e a Motanka voltaram para casa e, quando chegaram, a madrasta ficou absurdamente espantada, Vasylysa havia passado tanto tempo fora de casa que a madrasta e as irmãs acharam que ela nunca mais voltaria.


— Impossível que esteja aqui, é uma assombração, algo maligno que veio nos perturbar, vá embora imediatamente - gritou a madrasta.


Mas a menina nada fez, deixou o fogo em cima de uma mesinha na sala e foi para o quarto descansar, quando amanheceu ela desceu as escadas, mas ao invés de sua família, encontrou apenas cinzas, restos de roupas e alguns ossos, era o fim, Vasylysa finalmente estava livre e não apenas isso, além de liberdade, ela também se tornou eternamente a portadora do fogo sagrado da temida e respeitável, Baba Yaga.




Esse é um conto clássico eslavo e possui muitas versões, mas todas com o mesmo sentido, esse texto, por vez, foi escrito de forma autoral.


Autora: Lu Mend

Imagens retiradas do Pinterest e criadas por inteligência virtual.

 
 
 

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